terça-feira, 24 de setembro de 2013

Coisas que o povo sabe

Aparição da Nossa Senhora da Serra

O facto da aparição da Nossa Senhora da Serra é muito antigo. Conta a tradição que, numa tarde, uma mulher, que diziam ser de Alcongosta, com uma filha pequenita, foi à serra da Gardunha apanhar chamiços para o lume, ao mesmo tempo que levou duas cabras para pastarem. De repente, começou a aparecer um nevoeiro, puxado pelo vento, serra acima. A menina começou a brincar com uma pedritas e afastou-se da mãe, para detrás de uma giestas. A mãe, não vendo a filha, começou a clamar por ela, com gritos de aflição. O nevoeiro cresceu e fez-se um pouco escuro.

A mãe, sempre gritando pela filha, andou pela serra, no local, à sua procura, rezando sempre a Nossa Senhora. Muito pesarosa, voltou a triste mãe para o seu povo. Logo contou o sucedido aos vizinhos e com eles voltou à serra procurar a filha perdida, mas sem qualquer resultado. Procuraram por todos os cantos da serra e só encontraram a menina três ou quatro dias depois, dentro de uma lapa, com a Nossa Senhora. Todos ficaram espantados por terem achado a menina viva, que já julgavam morta, até porque por lá havia muitos lobos. E também, porque, na lapa formada por grandes rochedos, viram uma linda imagem de Nossa Senhora, que iluminava toda o lugar.

                                              (imgem sapo.blogs)
A menina disse que não tinha fome, porque aquela Senhora lhe tinha dado comida em todo o tempo que lá esteve. Logo a lapa foi transformada em capela e o milagre e a fama da Senhora da Serra, assim foi invocada, espalhou-se por muitos e longínquos lugares. As gentes de Castelo Novo, Alpedrinha, Casal da Serra e Souto da Casa mandaram fazer uma imagem de Nossa Senhora, que colocaram na lapa, e passaram a fazer uma festa anual, em louvor da Senhora, e para comemoração do milagre que ela ali fez .

 Fonte MATOS, Albano Mendes de Literatura Popular Tradicional na Gardunha s/l, Edição do Autor, 2004 , p.43-44 Ano1947 LocalSão Vicente Da Beira, CASTELO BRANCO, CASTELO BRANCO InformanteJosé Mendes (M),

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Uma História sobre o Telhado


Uma das aldeias pré-históricas mais antigas da Beira Interior, datada de há seis ou sete mil anos, foi descoberta na freguesia do Telhado, localizada na zona de Souto do Senhor e Casal de Santa Maria, no Freixial, e remonta à época do Neolítico.


Foram encontrados indícios de cerâmica, machados de pedra polida e moinhos de cereais do Neolítico1 .
A freguesia do foi um priorado da apresentação da Sé da Guarda, tendo o prior um rendimento anual de 150 mil réis. A 13 de Janeiro de 1898 foi anexado o lugar de Freixial, que pertencia à freguesia de Souto da Casa, desde 21 de Maio de 1896.

Chegou a constituir uma freguesia, tendo sido um curato da invocação de S. Sebastião, anexo à paróquia de Souto da Casa. Por esse motivo, a freguesia de Telhado também foi designada, por muitos, de Telhado e Freixial.


A povoação de Telhado teve, em tempos, um nome diferente do actual, e a sua localização era também diversa da que agora lhe conhecemos. Pelos inícios do século XIV chamava-se ainda Carantonha, nome que aparece na Carta de D. Dinis de Agosto de 1314, pela qual o monarca ordena que se façam nesse lugar inquirições nesse lugar da Carantonha e em mais oito povoações do actual concelho do Fundão. Pelos fins do século XIX, Joaquim Paulo Nunes, nascido em Telhado a 14 de Agosto de 1865, escreveu um excelente trabalho sobre o concelho do Fundão. Este ilustre Telhadense, que se formou em direito no ano de 1888, exerceu a advocacia na comarca do Fundão, e foi administrador do concelho, disse, sobre a sua terra natal o seguinte: "é povoação muito antiga foi o seu primitivo assento no vale da Carantonha, tendo então a denominação de Nossa Senhora da Carantonha, e os seus habitantes parece que se viriam obrigados a desamparar estes sítios por causa das formigas,~

 que sobremaneira os perseguiam e lhes causavam grave dano nas sementeiras e nessa terra memorável, porque, segundo vi uma cópia de um antigo manuscrito encontrado no arquivo da junta da Paróquia do Telhado floresceu aqui São Dâmaso, de quem se diz foi prior de Nossa Senhora da Carantonha, bispo de Roma - lá se dizia igualmente que daqueles arredores corriam muitos vizinhos a cumprir suas obrigações de paroquianos à igreja de Nossa Senhora da Carantonha, especialmente das povoações de Peroviseu e do casal de Santa Maria, e dalguns outros casais que já desapareceram, como o chamado da Póvoa e o da Momenta Redonda, que era junto ao rio Zêzere".

Tudo isto é realmente notável para a história desta freguesia. Sabe-se que S. Dâmaso nasceu em Guimarães, e daí tivesse vindo para as imediações do actual Telhado exercer o seu mister de sacerdote, atendendo a que, não muito longe, na poderosa cidade de Egitânia, existia a mais opulenta diocese do mundo visigótico.
Esta freguesia do Telhado teve em tempos uma intensa actividade mineira e mais tarde a olaria até meados do século XX. No seu termo foram exploradas uma mina de chumbo e uma de volfrâmio e estanho.
Também foram exploradas mas imperfeitamente as águas sulfúreas da nascente denominada Fonte das Virtudes.



texto de (https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&ved=0CDIQFjAA&url=https%3A%2F%2Fpt.wikipedia.org%2F&ei=UcJAUo3WGZCh7AariIGQDg&usg=AFQjCNHnSaDJji0-aupMctnWjkVwBqUKfQ&sig2=-bCeaX3cPnmcPA4UBMsi8w&bvm=bv.52434380,d.ZGU)

sábado, 21 de setembro de 2013

Lenda da bezerra de Monsanto

Em tempos muito antigos estava Monsanto cercada por tropas romanas já há sete duros e terríveis anos. Os seus habitantes tinham sofrido muito e visto morrer muitos dos seus mas não se rendiam.

Ao velho chefe da aldeia apenas lhe restava uma única filha, cujos irmãos mais velhos tinham sido todos mortos pelo inimigo. O velho chefe queria que a sua filha fugisse e se pusesse a salvo com o seu rebanho mas esta recusava heroicamente, dizendo-lhe que tinha jurado resistir aos invasores até à morte. Foi então que o chefe lhe disse que como estavam esgotados todos os víveres, ela deveria sacrificar o seu último rebanho e reparti-lo com os habitantes.

Talvez assim conseguissem aguentar mais uma semana... Essa semana passou e os soldados romanos aperceberam-se da trágica situação dos sitiados e exigiram a sua rendição mais uma vez. O velho chefe sentia-se perdido mas a sua filha disse-lhe que não esmorecesse porque tinha guardado uma bezerra gorda e tinha um estratagema que a todos salvaria.

O velho chefe chegou ao cimo das muralhas e, com uma segurança que a todos surpreendeu, gritou aos romanos que não se renderiam porque tinham ainda muita comida e como prova disso atirou-lhes a bezerra que tinha sobrado do jantar do dia anterior. E que se quisessem mais era só dizer.

O cônsul romano cansado de tantos anos de cerco resolveu retirar para Roma, onde tinham pedido a sua presença. A alegria dos habitantes foi enorme e deu lugar a uma grande festa que se tornou uma tradição que ainda hoje se comemora em Monsanto.

Todos os anos, os monsantinos festejam ao som do adufe e lançam das muralhas do castelo cântaros enfeitados que simbolizam a bezerra do cerco de Monsanto.



(http://lendasecalendas.omeuforum.net/t71-lenda-da-bezerra-de-monsanto-castelo-branco)

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Lenda de Nossa Senhora do Almortão

Tendo já ouvido várias versões sobre  a  aparição da Senhora do Almortão, conheci esta que pesquisei através da net que não quero deixar de partilhar
pelo meio publicarei algumas imagens da Santa e do sítio

Certa madrugada, pastores e ganhões atravessavam o campo pelo sítio da Água Murta, para o labor quotidiano. Notaram então que, numa moita de murteiras grandes, havia algo de estranho. 
    Aproximaram-se e viram uma linda e resplandecente imagem da Virgem. Caindo de joelhos, exclamaram: 


    — Milagre! Milagre! 
    Resolveram então conduzir a imagem para a igreja de Monsanto. Mas ela desapareceu pouco depois e, procurada no local da aparição, lá estava exactamente no mesmo sítio. Tornaram a levá-la e aconteceu a mesma coisa, lá estava ela no lugar da aparição, no murtão.  

    E, respeitadores da vontade bem expressa da Senhora, os habitantes da vila construíram no local a capelinha. 

    Mas Débora Ramos/Ana Luisa Campos Rolo contam a história da Senhora do Almortão, de uma outra maneira: 
    «Há muitos, muitos anos, nos terrenos das imediações da actual ermida da Senhora do Almortão, crescia, por toda a parte, um arbusto chamado murta. 
    Havia, em Alcaíozes, um rapazinho que era pastor e vinha todos os dias com o seu rebanho para estes terrenos. 

    Um dia, andando ele a vigiar o seu rebanho, encontrou, no meio de uma moita de murta, uma linda imagem. Ficou muito contente e brincou com ela toda a tarde. 
    Quando se quis ir embora, meteu-a no sarrão, para a mostrar à mãe. 
    Ao chegar a casa, contou à mãe o que se passara, é quando ia para mostrar a bonequinha (como ele lhe chamava) não a encontrou. 

    No dia seguinte, veio encontrá-la de novo, no meio da moita da murta. Voltou a brincar com ela e, à tarde, meteu-a no sarrão para a levar. Todavia, ao chegar a casa, não a encontrou. E isto aconteceu durante vários dias. Estranhando o sucedido, o pastorinho e a mãe contaram-no a várias pessoas, que concluíram que a bonequinha era uma linda imagem da Senhora do Almortão e que deveriam fazer-lhe uma capela no sítio onde o rapazinho a encontrava sempre. 
    E, assim, fizeram a ermida e puseram à Senhora o nome de Almortão por ter aparecido no meio da murta.»

Fonte Biblio FRAZÃO, Fernanda Passinhos de Nossa Senhora - Lendário Mariano Lisboa, Apenas Livros, 2006 , p.40-41

Place of collectionAlcafozes, IDANHA-A-NOVA, CASTELO BRANCO

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Beira Baixa

A Beira Baixa, uma das onze antigas províncias tradicionais determinadas em 1936, confina com as regiões da Beira Alta a norte, da Beira Litoral a noroeste, do Ribatejo, a sudoeste, da Estremadura a oeste, e do Alto Alentejo a sul. Faz fronteira com Espanha, a leste. Abrange uma área de aproximadamente 7 800 km2 e compreende 13 concelhos: 11 do distrito de Castelo Branco, um do distrito de Coimbra e um do distrito de Santarém.

                                                                 Capinha

O relevo é montanhoso, com destaque para as serras da Estrela e da Gardunha, embora se encontrem também extensas áreas aplanadas, como a Cova da Beira e Idanha. O clima apresenta fortes contrastes entre o inverno, chuvoso e frio, e o verão, seco e bastante quente. Na serra da Estrela a queda de neve é frequente durante o inverno.
A agricultura da região tem beneficiado de empreendimentos hidroagrícolas, pelo que as culturas de regadio têm uma importância significativa, com destaque para a fruticultura. 
                      Quintãs uma das tres aldeias conhecidas como os Tres Povos
A Beira Baixa apresenta, nos seus principais pratos típicos, peixes de rio, lebre, perdiz e cabrito; cogumelos, castanhas e queijo da região; tigeladas e bolos de canela, de mel e de azeite.
Na economia da Beira Baixa destacam-se as indústrias de lanifícios, do fabrico de produtos alimentares e de transformação da madeira. O comércio e os serviços encontram-se desenvolvidos nas três cidades da região: Castelo Branco, Covilhã e Fundão.

                                                  Peroviseu
A Beira Baixa manifesta diversas influências étnicas, que provêm das tradições moçárabes. As insistentes perseguições religiosas e políticas imprimiram às populações características das quais se encontram ainda traços bem definidos. As romarias nesta região são menos vivas, revelando uma certa tristeza. Um facto curioso é que, mais do que em qualquer outra região de Portugal, as festas deste povo têm um fundo acentuadamente pagão. Mas ao lado desse paganismo sobressai também o sentimento religioso, que se revela no culto à Virgem e ao Espírito Santo
.
           Enxames em dia de festa de Nossa Senhora do Fastio
De entre os monumentos da Beira Baixa, merecem destaque o Soterrado, em Idanha-a-Velha, grande preciosidade romano-visigótica, os castelos, alguns dos quais de fundação romana ou árabe, e algumas igrejas e capelas. Os vestígios arqueológicos são numerosos em diferentes pontos da região, encontrando-se ruínas de pontes, castros, muralhas, antas e troços de estradas do período romano e de períodos anteriores.


Beira Baixa. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-09-18].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$beira-baixa>

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Meus carissimos amigos e visitantes
inicio hoje um novo ciclo da minha atividade bloguista
Sendo eu um ferrenho defensor das tradições e formas de estar do povo que me viu nascer, vou a partir de hoje, divulgar usos e costumes do povo beirão, histórias. lendas e mitos contados pelos nossos avós.
Vou me valer da facilidade que hoje tenho para pesquisar através da net muitas coisas da forma como foi passada a minha mocidade, igual a milhões de outras crianças que hoje com idade já na sua terceira fase das suas vidas, se vão rir e relembrar muitas tropelias que inocentemente faziamos nessa época


Uma amostra de varias aldeias da Beira Baixa






Evidentemente que vou contar com a ajuda dos meus amigos para dar vida a este blogue e nomearei administradores todos os que quiserem colaborar

muitos beirões terão certamente boas recordações que podem partilhar com os seus conterraneos

fica em pé o desafio